Nova vida para os resíduos de corte no têxtil

A fábrica de confeção Black Moda Portugal gera anualmente dezenas de milhares de quilos em resíduos de corte. Em 2020, a quantidade de resíduos de corte na nossa fábrica foi cerca de 59.000 kg. Os planos de corte são sempre feitos da forma mais eficiente possível. Apesar da precisão dos planos, o corte das malhas para confeção gera sempre resíduos tão pequenos que não permitem a confeção de outas roupas. É, portanto, um material limpo, sem uso e ao mesmo tempo valioso. Foi por isso que iniciamos um projeto em 2020, pelo que agora, temos o prazer de apresentar produtos feitos de desperdícios.

Para este projeto, os resíduos foram obtidos no nosso corte. Uma mistura de 100% algodão e outra de 95% algodão e 5% elastano foram escolhidas como material a ser recolhido. Lotes de cores variadas foram agrupados. Também é possível fazer lotes de uma única cor, para que essa cor seja a do tecido acabado, mas naquela altura não tivemos oportunidade de efetuar esse processo. Quando juntamos resíduos de corte suficientes, quase 1 300 kg, foram enviados para Espanha para o nosso parceiro Col & Bri para esfarrapagem, fiação e tecelagem de tecidos.

Durante o processo de reciclagem, a fibra do algodão é fica mais curta. Assim, o material feito de algodão reciclado não mantém os mesmos padrões de qualidade que o material feito com algodão virgem. Na fiação, poliéster feito de garrafas plásticas recicladas foi utilizado para reforçar o algodão reciclado. O fio em Espanha foi tecido dando origem a um tecido de sarja com uma gramagem de cerca 305 g/m2. O fio da urdidura deste tecido é algodão excedente de outros lugares, o qual é certificado com GOTS ou BCI, com o qual também foi misturado poliéster reciclado.

Para tornar o processo de produção mais ecológico, decidimos não tingir o fio nem estampar o lote do tecido, mas a cor deve ser natural. A cor do produto acabado é cinza, levemente bege. A cor final do tecido é, portanto, derivada da cor do material reciclado. O toque do tecido é ligeiramente áspero levemente parecido com o linho. Este tecido apresenta um encolhimento da ordem de 10%.

Material reaberto, fios e tecidos.

O pilling no material final é um pouco mais sensível que o normal, o que influenciou a decisão de quais os produtos selecionados para fabrico. Em calças ou macacões, por exemplo, o desgaste teria sido intenso, pelo que escolhemos camisas, túnicas e vestidos para produção em vez das calças. O nosso parceiro em Portugal, YoungStar, confecionou a camisa Amalia e o vestido Evelina para a marca Puuvillatehdas, e o vestido Malia e blusa Stella para a marca Aarre.

O primeiro lote deste tecido tem 389 kg o qual contém cerca de 270 kg de algodão reciclado. Assim, o material recolhido no nosso corte foi usado em novidades interessantes. O consumo médio de água por quilo de algodão é de cerca de 16.000 litros*. A utilização deste material reciclado permitiu poupar cerca de 270 kg de algodão virgem, resultando numa poupança de 4.320.000 litros de água. Com esta quantidade de água, um finlandês lavaria, cozinharia e utilizaria o autoclismo durante cerca de 38.230 dias, ou seja, 105 anos! **

Um novo e interessante projeto de material reciclado já começou e está em ritmo acelerado, pelo que poderemos ver as delícias resultantes mais tarde!

* São necessários 4.000 a 29.000 litros de água para produzir um quilo de algodão.

Fonte (FI): Suomen Tekstiili ja Muoti, Tekstiilikuituopas 2021, s. 11

** O finlandês médio consome cerca de 113 litros de água por dia para uso doméstico, principalmente para lavar, cozinhar e descarregar o autoclismo.

Fonte (FI): 19.4.2021 https://www.kiinteistolehti.fi/keskimaarainen-vedenkaytto-vahentynyt/